segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A DESCIDA DA DEUSA

Como um pacto para que tudo jamais fugisse de um ciclo, surge outro Mito:
A descida da Deusa

Nosso Senhor, após ver a terra fertilizada e assim, cumprida sua missão, despede-se da Deusa e inicia seu caminho rumo ao Submundo. Ele se torna o terrível Senhor das Sombras, trazendo a morte e o esquecimento. Mas junto com a morte, Ele traz o descanso, por isso, Ele é também o Consolador.
A Deusa, que é vista neste mundo como a Lua, aquela que brilha na escuridão, cresce e míngua em seu eterno ciclo. E em certo momento desse ciclo, Ela anda três noites na escuridão, pois no amor Ela sempre busca seu complemento.
E uma vez, no inverno do ano, em que Ele havia desaparecido da Terra verde, Ela o seguiu e partiu ao Submundo em sua nau, pelo Sagrado Rio da Descida.
Nossa Deusa soluciona todos os mistérios, até mesmo o mistério da morte. Assim, Ela chega, finalmente, aos portões além dos quais os vivos não entram.
Quando Ela se depara com o primeiro dos portais, seu guardião a desafia:
- Tira tuas vestes, põe de lado tuas jóias, pois nada tu podes trazer contigo ao interior desta nossa terra.
E a cada um dos portais, a Deusa teve que pagar o preço da passagem, pois nada pode ser dado sem que algo seja oferecido em troca.
No primeiro portal, Ela deixa seu cetro, símbolo do poder sobre as coisas que nos rodeiam.
No segundo portal, Ela deixa a coroa, que representa a autoridade, o status perante os círculos sociais.
No terceiro, Ela deixa seu colar, que representa a exigência por riqueza, sucessos e realizações, pois isso de nada vale no processo de reconhecimento do Espírito.
No quarto portal, Nossa Deusa deixa seu anel, símbolo de associação a uma entidade, formação acadêmica ou nível intelectual.
No quinto, Ela deixa sua guirlanda, que representa as fachadas pessoais e o que é usado para ocultar imperfeições, erros e defeitos.
No sexto portal, Ela tira suas sandálias, deixando para trás as trilhas já seguidas e as políticas anteriormente adotadas, abandonando pontos de vista atuais e preparando-se para conhecer novos.
No sétimo portal, por fim, Ela deixa suas vestes, a cobertura mortal, e uma vez removidas, o que resta é o Verdadeiro Espírito, que é somente o que entra no reino da Morte.
Por amor, Ela estava ali confinada, como todos os que ali penetram, e foi conduzida à Morte, totalmente nua e com os pulsos amarrados.
Mas tal era sua beleza que a Morte se ajoelhou e depositou sua espada e sua coroa aos seus pés, e beijando-os, disse:
- Abençoados são teus pés, pois te trouxeram por esta senda. Fica comigo, eu imploro, e deixa teu coração ser por mim tocado.
E Ela respondeu:
- Eu não te amo. Por que fazes com que todas as coisas que amo e nas quais me delicio venham a fenecer e morrer?
- Minha Senhora – respondeu a Morte – Trata-se da idade e da fatalidade, contra as quais sou impotente. A idade, o envelhecimento leva todas as coisas a definharem, mas, quando os homens morrem, ao desfecho de seu tempo, concedo-lhes repouso, paz e força. Por algum tempo, eles habitam com a Lua e com os espíritos da Lua; então podem retornar ao reino dos vivos. Mas tu, tu és linda. Não retornes, permanece comigo.
Mas Ela respondeu:
- Eu não te amo!
E então disse a Morte:
- Se não recebes minhas mãos sobre teu coração, tens que te curvar ao açoite da Morte.
- É a fatalidade, que assim seja – Ela disse e se ajoelhou.
E a Morte a açoitou brandamente.
Nesse momento, Nossa Deusa compreende a Morte e reconhece seu Amado Senhor.
- Reconheço Tua dor, a dor do amor.
Nosso Deus a ergue, dizendo:
- Seja abençoada, Minha Rainha!
E Ele lhe deu o beijo quíntuplo de iniciação, dizendo:
- Somente assim podes ambicionar sabedoria e prazer.
Então, o Deus desamarra seus pulsos, depositando o cordel no chão.
A Deusa toma a coroa e a recoloca na cabeça do Senhor do Mundo Subterrâneo. Ele transforma a coroa em um colar, representando o Círculo do Renascimento, e o coloca no pescoço Dela, ensinando-lhe todos os seus mistérios.
O Senhor do Submundo toma o açoite em sua mão esquerda e a espada em sua mão direita e fica na posição do Deus, antebraços cruzados sobre o peito, espada e açoite apontados para cima.
Ela fica na posição da Deusa, pernas abertas e braços estendidos, formando o pentagrama e ensina a Ele o mistério da Taça Sagrada, que é o Cálice, o Caldeirão do Renascimento.
A Deusa toma o cálice em ambas as mãos, Eles se entreolham e Ele coloca suas mãos nas Dela. Ela toma o cordel e amarra as mãos dos dois ao redor do cálice.
- Através de você todos saem da vida, mas através de mim todos podem renascer. Tudo passa, tudo muda. Mesmo a Morte não é eterna. Meu é o Mistério do Ventre, que é o Caldeirão do Renascimento. Penetre em mim e me conheça, e estarás liberto de todo o medo. Pois se a vida é somente uma passagem para a morte, a morte é somente uma passagem de volta para a vida e, em mim, o círculo sempre gira.
E Eles se amaram e se tornaram um. Ele penetrou-a e, assim, renasceu para a vida.
Assim, há três grandes mistérios na vida do homem: sexo, nascimento e morte, e o amor controla todos. Para realizar o amor, tens que retornar ao mesmo tempo e local dos que amaram antes; e tens que encontrá-los, conhecê-los, lembrá-los e amarrá-los de novo. E para renascer, tens que morrer e ser preparado para um novo corpo. E para morrer, tens que nascer, e sem amor não podes nascer.
E Nossa Deusa sempre se inclina para o amor, o prazer e a alegria. Ela protege e cuida de suas crianças ocultas nesta vida e na próxima. Na Morte, Ela revela o caminho que leva à comunhão com Ela, e na vida, ensina a magia do Mistério do Círculo Mágico, existente entre os mundos dos homens e dos Deuses.
E assim, nós somos ensinados a cada começo da Roda do Ano, em que o Senhor e a Senhora compartilham o comando do ano, cada um oferecendo e compartilhando de equilíbrio para com o outro.

MITO DA RODA DO ANO

O casal sagrado reina o Universo mantendo a harmonia existente desde o início dos tempos.
Essa era a mensagem que todos os pais deveriam passar aos seus filhos, os tornando conscientes do que havia alem do físico.
Assim surgiu mais um Mito:


A Roda do Ano

Quando se aproxima o ápice do inverno, a Natureza reclama o retorno da luz do Sol, e implora a presença do Deus. A escuridão reina.
Ele, que se encontrava no submundo, após sua morte, retorna ao útero da Deusa, e é gerado por Ela, para uma nova vida.
Na noite do Solstício, Ela dá à luz o Deus, que é a Criança da Promessa. Ele retorna, trazendo esperança e renovação. Com o retorno do Sol, os dias começam a crescer e as horas de escuridão a diminuir. O Deus é glorificado em seu aspecto solar.
A Deusa é a Mãe, que carrega o Deus Criança em seu colo, e O apresenta à criação, como a promessa de um novo início, do ciclo que se renova.
Mas Ele é ainda uma criança, e deve crescer, por isso, a Deusa, que se recupera após o parto, O amamenta, protege e ensina, abrindo os caminhos para Seu retorno majestoso. À medida que a Criança da Promessa cresce com vitalidade, a luz aumenta e os dias se tornam mais longos. Renova-se a esperança e o Deus é festejado.
Depois de dar o alimento a seu filho, a Deusa torna-se então jovem, despertando a Terra para a vida, Por isso, a Deusa é a Senhora do Fogo do Conhecimento e da Inspiração.
A Deusa, que havia se entregado à carga do tempo, agora retorna à juventude, trazendo alegria para a Terra.
A Lua e o Sol equiparam-se, os Deuses são jovens e cheios de vitalidade, o dia e a noite têm a mesma duração.
O Deus é jovem e vigoroso e a Deusa é bela e fresca e os dois correm pelos campos junto com seus animais.
A Deusa está plena, e vive sua primeira menstruação. O sangue sagrado de seu útero verte sobre a Terra e a torna fértil, pronta para receber as sementes.
A vida desperta e os animais entram no cio. As plantas verdejam e florescem. A criação se rejubila com o retorno de Seus Jovens Senhores.
O Deus procura pela Deusa, sua amada, e a encontra correndo pelos campos. Ele a corteja e os dois se unem sobre a relva, sob o céu estrelado.
O Casamento Sagrado é celebrado. A Natureza está em êxtase, e se compraz com o amor de seus Senhores.
Os dois se entregam aos prazeres do amor e a semente da vida é plantada no útero da Deusa. Ela engravida, e gera o que será a promessa do retorno da vida.
O Deus se torna adulto, e em toda sua vitalidade reina soberano ao lado de Sua Senhora, que está grávida. Ela é pura satisfação e demonstra isso nas folhas verdes e lindas flores do verão.
O Sol chega a seu ápice, e o dia é o mais longo do ano.
Neste momento, o Deus inicia seu caminho em direção ao submundo, pois sua função fertilizadora está cumprida.
A natureza fenece novamente, e o frio se aproxima. O Deus começa a declinar, doando sua vida para nutrir a Criação. Ele é o grão e o animal sacrificado.
A criação agradece por suas dádivas fazendo oferendas ao Deus moribundo.
Ela é a sábia, que caminha ao lado de Seu amado, e o ampara, com amor e compaixão.
Novamente o dia e a noite têm a mesma duração e o Deus entrega seu corpo á foice do tempo.
Os últimos grãos são colhidos e armazenados para prover a criação no inverno que se aproxima.
As folhas caem e a Deusa se põe ao lado do leito de morte do Deus, que se prepara para abandonar este mundo e iniciar sua aventura rumo ao desconhecido.
A Deusa observa entre lamento e regozijo ao perceber que Ele está morrendo, ao mesmo tempo que vive dentro Dela.
A morte chega e leva o Deus para o descanso prometido.
A Natureza sofre com o frio do inverno, mas agradece o sacrifício de Seu Senhor, pois terá provisões para sobreviver ao período.
A Deusa chora a morte de Seu amado, e o procura nas brumas do esquecimento. Ela viaja aos confins do submundo, e ultrapassa os portões da morte, para trazê-lo de volta.
Ela é a sábia, que conhece todos os segredos da vida, e Ele é o Senhor da Morte, que leva todas as almas para o descanso, antes de retornarem à vida.
Ele ensina a Ela a lição de que tudo deve morrer para renascer, e Ela mostra a Ele o caminho para retornar à vida.
Ela o toma, e o coloca em seu útero, que é o Caldeirão do Renascimento, iniciando o caminho de volta, para aguardar mais uma vez o retorno de Seu amado.
E assim a Roda gira.

A CRIAÇÃO

Você já parou para pensar em uma forma de descrever o princípio dos tempos?

Nós, bruxos e bruxas temos uma versão diferente das religiões judaico-cristãs para Gênese (esta palavra significa “Início”).

Acompanhe abaixo a Cosmogonia (1) que o Coven Tuatha de Danan crê:

(1) descrição que relata a criação do Universo

A Criação

No princípio, o tudo era nada.
A única energia existente era nossa Deusa, que vagava solitária e adormecida, em Sua sabedoria infinita.
Sentindo uma calorosa luz em Sua face, Ela despertou, e ao abrir os olhos, encarou-se no espelho formado por Sua vontade única de auto-conhecimento. E Ela apaixonou-se pelo que descobriu.
No espelho, Nossa Senhora viu sua parcela masculina, existente mesmo antes do tempo ser tempo, a parcela que já existia dentro de si mesma. E Ela o amou!
O verdadeiro amor nasceu entre ambos e desse amor tudo foi criado.
Da junção de Seus corpos frenéticos explodiu o fogo, primeiro dos elementos formadores da existência, o fogo da paixão, que excita a força criadora adormecida na Deusa. E com o fogo, surgem a luz e o calor, atributos do Deus.
Assim como a Deusa e o Deus, feminino e masculino, a escuridão inicial e a luz explosiva, de Seus corpos excitados pelo fogo emanaram fluidos do quais nasceu seu contraponto – a água, pois na criação, tudo há de ter sua parcela contrária. E a água era o contrário do fogo: doadora de vida, fluida e fresca, atributos da Deusa. E por isso, a água da criação foi contida em Seu útero.
Como o fogo e a água eram incompatíveis, mesmo em sua forma mais etérea, do suspiro dos amantes, exalado no êxtase do descobrimento, nasceu o ar, elemento mediador entre os dois, ganhando do primeiro o calor e do segundo, a umidade.
Os corpos de nossos Criadores se estremeceram no ápice do amor e liberaram a energia material que, misturando-se aos três elementos iniciais, formou o elemento terra. Com a Terra, tudo o que era antes etéreo, impalpável, inodoro, incolor, tornou-se sólido, dotando tudo de peso e matéria.
Nosso Senhor e Nossa Senhora, assim unidos, tornaram-se o quinto elemento, o verdadeiro espírito.
Em meio ao êxtase universal, a Deusa descobriu uma parte de Seu corpo, ainda adormecida - Seu útero, que ao ser fertilizado pela energia criativa do Deus, gerou o Universo e a vida contida nele.
E no vasto Universo, nossos Senhores encontraram a Terra e nela depositaram uma fagulha de Sua divina inteligência, refletindo o eterno amor Deles. Desse amor surgiu a vida, presente nas pedras, nas plantas, animais e no ser humano.
A criação olhou para si mesma e notou a presença Deles em tudo, e os reverenciou, pois a beleza que está em tudo é o reflexo do amor entre nossos Criadores.
O Deus, ao notar cumprida Sua função fertilizadora, despediu-se da Deusa, e começou a caminhar para o submundo, a escuridão inicial, pois da mesma forma que para haver luz, deve haver escuridão, para ter vida, tem que existir a morte.
A criação começou a fenecer com Sua ausência e, sentindo o frio se aproximar, chorou e suplicou pelo Seu retorno.
A Deusa, sentindo a ausência de Sua luz, entristeceu-se, e desceu ao submundo, em busca de Seu amado.
Ao encontrá-lo, procurou compreender porque tudo o que Ela criou estava morrendo, e Ele ensinou-lhe o segredo da morte, que era o destino de tudo o que é vivo, e que somente Ele conhecia, e pediu para que Ela ficasse com Ele.
Mas Ela precisava voltar, para gerar a vida, e não podia ir sozinha, pois sem Ele era infértil. Mas Ele não conhecia o caminho de volta, pois somente a Deusa conhece os segredos da vida.
Então, Ela, que é o Cálice do Renascimento, O colocou em Seu útero e retornou.
Assim, o Deus se tornou a Criança da Promessa, que cresce no útero da Deusa, para renascer e reinar ao Seu lado, trazendo a luz para fertilizar a Deusa e gerar a vida novamente.
E assim foi, é e sempre será, no eterno retorno da vida.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

COMO SURGIU O DIABO?


Com o crescimento do Cristianismo e com a intenção do Clero em deturpar a Bruxaria, a figura atribuída ao Deus Cornífero acabou por personificar o Diabo.
Com essa atitude, a igreja Cristã tentava demonstrar ao pagão que sua fé no paganismo era ruim, má.
Porém, o Diabo é a representação do Mal absoluto, enquanto do Deus Cornífero não é visto dessa forma.
O Cornífero é uma força da natureza, não completamente beneficente nem maleficente. No seu papel de pai, Ele dá a vida. Já em sua morfologia de Caçador, Ele a toma, na forma do sacrifício necessário para a continuidade da raça.
No mito do Jardim do Éden, um das mais conhecidas passagens da Bíblia, e tem feito parte integrante da imaginação judaico-cristã e muçulmana.
Ela descreve um ser astuto personificado por uma serpente (coincidentemente um animal sagrado para antiga religião da Deusa por representar a renovação) que oferece uma tentadora Maçã (também um símbolo sagrado à antiga Deusa) à Eva, prometendo através desta a revelação de uma realidade não percebida. Mas está bem claro que na sua versão original, no livro do Gênese, a serpente tentadora é apenas um animal astuto, e só muito depois (fora da tradição bíblica) foi identificada com Satã (coincidentemente tendo o som produzido durante rituais no Antigo Egito a Seth, personificação do caos: Seth em, significa Seth está aqui). Mas Satã, inicialmente, era um dos anjos da corte celeste, cuja função era servir de acusador dos homens, e assim seu nome é precedido de artigo – o Satã ou o Inimigo, como no início do livro de Jó. Podemos citar também outro nome posteriormente ligado a esta contraparte do Bem. Lúcifer, este tratava-se do irmão e consorte da Deusa Pagã Diana que carregava vários devotos no sul da Itália. Ele representava o Sol, seu nome significa “o portador da luz” devido a esta divindade. A necessidade de eleger um ser maligno que lutava pela vitória contra o bem foi se tornando cada vez mais forte devido a necessidade do homem quem culpar algo ou alguém que não fosse ele mesmo por seus atos. Isto se torna bem claro na tradução grega da Bíblia, em que ele é chamado de ho diabolos – o difamador ou caluniador, que ainda não é o atual Diabo, mas seria seu nome no futuro.
É no tempo de Cristo e no Novo Testamento que a crença em Satã assume uma forma mais definida, e Jesus e seus discípulos praticam o exorcismo dos demônios que afligem os possessos, surge o termo “daimonion”, no grego clássico não tinha sentido maligno, como se pode ver no demônio interior de Sócrates. Sócrates chamava sua voz interior, que lhe dava “avisos” desde o tempo de menino, de daimonion. Na verdade, esse “conselho espiritual” se assemelha bastante ao anjo da guarda cristão, uma crença que não aparece no Velho Testamento e deve ser mais de origem grega do que judaica.
Não vamos nos esquecer da influência que teve uma religião muito antiga, o Zoroastrismo, no Judaísmo e Cristianismo. Durante o chamado Cativeiro da Babilônia, depois da destruição do Primeiro Templo de Jerusalém, em 587 a.E.C., os judeus receberam o influxo do dualismo de Zaratustra – sua visão dramática de um conflito entre o bem e o mal, e de uma “consumação dos tempos” ou Apocalipse.
Tudo indica que foi a entidade maligna do Zoroastrismo - Angra Manyu ou Ahriman - que inspirou a emergência do Diabo ou Satã, que desempenharia um papel tão importante nas religiões monoteístas, contribuindo muito para sua violência extremada e perseguições.
Assim, mais tarde, Satã veio a ser inimigo do Deus Cristão e não apenas dos homens.
Em dado momento, a fim de destruir a crença popular, a Igreja Cristã passou a identificar a figura de Satã com a figura do Deus de Chifres Pagão. Assim, a figura de um homem com pés e chifres de bode passou a representar o inimigo de Deus, e assim, o mal absoluto.
Dando a seu Satã a forma do Deus de Chifres (notadamente de deuses agro-pastoris como Pã e Sileno, Cerne, dotados de cascos de bode e pequenos cornos), os cristãos conseguiram iniciar um clima de terror e medo em relação aos praticantes da Antiga Religião, o que os forçou a praticarem seus ritos em segredo.
E infelizmente, a nós pagãos:

O Deus da tribo vencida se torna o Diabo da tribo vencedora”. (Marcelo Ramos Motta)

O DEUS

Cremos e louvamos a presença de nosso Deus em sua face Juvenil e Fértil. Acreditamos que nossa Deusa Mãe deu origem a este Ser que a complementa sendo seu Filho da Promessa e seu Consorte Complementar. Não temos a visão de Deus Pai “todo poderoso”, mas sim, de um ser complementar a nossa Deusa, pelo qual ela aguarda durante toda “a roda (1)”.
Nosso Deus, também chamado de o Deus Cornífero é um Deus fálico de fertilidade. Geralmente é representado como um homem de barba com cascos e chifres de bode ou cervo. É freqüentemente chamado de “o Doador da Vida”, “Mestre da Morte e Ressurreição”, “Deus das Sementes”, “Deus da Fertilidade”. É o Deus da força e da alegria de viver, inerentes às pessoas que são otimistas e procuram sempre progredir, perdoando a si próprio e aos outros que os tenha prejudicado.
Vemos a personificação de nosso Deus através do Sol. É o Deus que morre e sempre renasce. Fazemos nossas celebrações baseadas justamente neste caminho que nosso Deus percorre ano a ano. E assim como nossa Deusa, pedimos por seu retorno nos dias de Inverno, sofremos seu sacrifício no Outono, louvamos sua plenitude no Verão e acompanhamos seu crescimento na Primavera. Fazendo isso, sintonizamos nossos seres com a divindade original que nos colocou neste plano físico em busca de harmonia e saúde.
Nosso Deus também possui vários nomes, mas em essência é o mesmo.
Hermes (Grécia), Pan (Grécia), Lúcifer (Itália), Osíris (Antigo Egito), Lugh (Antigo povo Celta), Cernunnos (Antigo povo Celta), Shiva (Índia), Odin (Antigo povo Nórdico), etc.
Assim, o Deus representa três aspectos. Ele é o ‘cornífero’, o deus da floresta, representando a natureza indomável de tudo o que é livre. Nesse aspecto, assinala o estágio do homem como caçador-coletor. Em seguida, temo-lo como ‘o encapuzado’, o Senhor da Colheita, a imagem do Green Man. Aqui, ele reflete a natureza cultivada de tudo o que é padronizado. Nesse aspecto é identificado com o estágio de desenvolvimento agrícola da humanidade. Por fim, ele é ‘o antigo’, e simboliza a sabedoria cumulativa da experiência humana.
Acreditamos que ele zela por todos os seres vivos, principalmente os seres silvestres e selvagens, os quais, ele sempre esteve ligado, desde sua origem e adquiriu suas características.
(1) – termo usado para representar a passagem dos 12 meses do ano.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A DEUSA

Cremos e louvamos a presença da Deusa Mãe que sempre acompanhou a humanidade desde seu princípio. Pois seu culto originou-se por volta de 10.000 anos. Vemos a face de nossa Deusa na Lua e em toda mulher da Terra. Por isso as honramos e reconhecemos sua parte na Sagralidade Divina.
Nossa Deusa que possui Mil nomes, por ser conhecida em vários lugares pelo globo terrestre, e erroneamente interpretada como várias Deusas:
Afrodite (Grécia), Diana (Itália), Isis (Egito Antigo), Danan (antigo povo Celta), Kwan Yin (Japão), Pele (Havaí), Yemanja (Brasil), Ishtar (antigo povo Babilônico), Vênus (antigo povo Romano), etc. Mas que em fatos reais é Única em essência.
Nossa Deusa, assim como a Lua é vista em 4 fases: Donzela, Mãe, Anciã e uma fase jamais mostrada com facilidade: Negra.
Celebramos nossos rituais todo mês em Lua Cheia (Esbás) enchendo nossas vidas com a antiga magia inspirada pelos ritos a Ela, vivenciando cada uma de suas fases e nomes através de estudos de seus mitos e revivendo sua egrégora eclipsada pela humanidade atual.
Reconhecemos o Planeta Terra como Seu Corpo, onde vivemos nossas experiências encarnados em plano físico, adotando um estilo de vida mais ecologicamente correto.
Acreditamos que Ela guarda os segredos da Vida e Morte de todo ser.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

QUEBRANDO AS AMARRAS


Um erro muito comum de observarmos nos novatos do estudo da Fé é o fato de pensarem que tudo está em um “além”, em algum lugar distante e inalcançável.
É o velho e conhecido conceito de transcendência, tanto utilizado nas religiões patrifocais.
     Mas se você deseja realmente conhecer e vivenciar a fé do Povo Sábio precisará soltar-se dessas amarras às quais foi preso, e então, passar a ver a vida e tudo que a cerca de forma diferente, pois quando começar a trilhar o caminho, será conduzido inevitavelmente por Ela a várias mudanças, dentre as quais, uma das mais importantes, é o do olhar. Você irá passar a ver tudo de uma maneira diferente.
     Um carro a soltar fumaça, não estará mais a poluir o ar, e sim, a ferir o pulmão vivo da Deusa.
Uma fogueira não será mais simplesmente pedaços de madeira queimando, e sim, o Fogo Sagrado.
Uma lata de refrigerante jogada no chão, não será mais lixo, e sim, uma ferida no Corpo da Deusa.
O mar não será mais simplesmente local de banho, e sim, o Grande Caldeirão de Cerridwen.
     Assim, seus olhos que antes estavam voltados para o distante e inalcançável “além”, irão voltar-se agora para a Terra.
A partir daí você vai começar a descobrir o valor do conceito da imanência, e que não há nada que não faça parte do grandioso e perfeito Corpo de Deusa.
     Mas se ao voltar seus olhos para a Terra, e lá o fixar, ainda assim não poderá conhecer a totalidade desse conceito, pois o seu sagrado corpo é também o Corpo da Deusa, e sendo assim, necessita que volte seus olhos para ele.
Mas para isso, precisará quebrar ainda outras amarras. As amarras que o castram. Aquelas que ainda não permitem que trabalhe com seu próprio corpo.
     Se não se permitir quebrar essas amarras, será conduzido por Ela ao caminho de volta, pois Ela não permite aqueles que não se reconhecem como Sua manifestação no seu Caminho de Véus.
     Por outro lado, se conseguir, será introduzido no maravilhoso mundo de seu corpo, que como a Mãe Natureza, é gentil e cruel, selvagem e indomável. Descobrirá sentimentos e emoções, pedaços de você que sequer imaginava que existiam, ou, que sabia, mas os trancafiou, conscientemente ou não.
     Você deve compreender que é filho dos Deuses e co-criador do Universo, que é Fogo, Terra, Água e Ar. O Fogo é sua energia, o calor do corpo, a vida que o anima, é o seu poder de inspiração e de criação; a Terra é sua carne, corpo e ossos, são suas certezas e estabilidade; a Água é seu sangue e seus fluidos, suas emoções; o Ar é seu sopro, sua respiração, são suas idéias, ideais e consciência.
     Mas é preciso, além de compreender, aceitar que os elementos que fazem parte de você, trabalham você mesmo. Precisa aceitar que o Fogo queime o que chegou ao fim, para que algo novo possa surgir das cinzas. Precisa aceitar que a Terra por um momento suma abaixo de seus pés, para que os seus antigos pilares desabem, e assim, com o retorno da Terra, novos sejam erguidos e você consiga nova estabilidade. Precisa aceitar que a Água se movimenta com força e com ira, como em um maremoto, para que depois seus mares de emoções se acalmem. Precisa aceitar que o Ar também haja com força, que ele vente impiedoso em sua mente, revirando suas certezas para que dúvidas surjam, para levá-las embora e lhe trazer então novas idéias, e deixar espaço para que sua mente se expanda.
     Somente assim conhecerá parte do maravilhoso caminho da Fé e terá oportunidade de levantar os Véus da Deusa.
     Se for verdadeiro o desejo de seu coração de prestar honras a Nossa Senhora da Noite, desejo-lhe força e coragem para quebrar as amarras que o prendem, pois só assim poderá trilhar o caminho da Fé Antiga.

                   (Adaptado de um  texto de Arvin Dallan)

PROTEÇÃO LEGAL - VOCÊ SABIA?

Hoje, a legislação mundial e a brasileira deixam bem clara a liberdade do ser humano de escolher sua crença, e protegem qualquer ameaça a esse direito.

Declaração Universal dos Direitos Humanos


Artigo 18 - Todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

Constituição da República Federativa do Brasil


Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
VI -  é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

Código Penal Brasileiro


Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente à violência.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

NOSSA CRENÇA


Nós acreditamos em um Ser Espiritual, masculino e feminino, chamado de Deusa Mãe e Deus Filho e consorte. Iguais em importância e atributos.
Eles são, a imagem um do outro e juntos criam tudo o que existe.
Através do amor Deles o mundo se sustenta e não há nada que não venha da união divina Deles.
Vemos nossa Deusa pela imagem da Lua, que se apresenta em diferentes faces, assim como toda mulher (Donzela, Mãe e Anciã).
Já nosso Deus pela imagem do Sol, que se apresenta também em faces, assim como todo homem (o Filho gerado, o Esposo consorte e companheiro Ancião).
Cremos em seres que regem cada elemento (terra, fogo, ar e água), conhecidos como “Elementais”, que em união aos seres divinos (5ª essência – espírito) se juntaram a fim de formar o que chamamos de “plano físico ou material”, onde o corpo humano vive; sendo este veículo evolutivo do espírito que aguarda o retorno ao seu plano original, a fonte divina.
Que a Natureza é o “Grande Mestre”, o corpo dos Deuses, por isso, devemos viver em harmonia com ela, e lutar para preservá-la.
Praticamos ritos sazonais de harmonização com as forças vitais (Solstícios e Equinócios), marcados pelas fases da Lua (nova, crescente, cheia e minguante) e pelas estações do ano (Primavera, Verão, Outono e Inverno), buscando entender o Universo e nosso lugar nele.
Que a magia existe. É algo natural e não sobrenatural; que está em tudo e é acessível a todos, podendo ser usado tanto para o bem quanto para o mal. Não realizamos magia para prejudicar ninguém ou que desrespeite o livre arbítrio de cada um.
Ao realizarmos nossos rituais, realizamos a purificação de nossos corpos, do local do ritual e dos instrumentos a serem utilizados, para eliminar qualquer energia indesejável. Em seguida, criamos círculos mágicos, para concentrar nossas energias e evitar interferências.
Não possuímos livros da salvação ou qualquer tipo de templo onde se dá a ligação Humanidade e Divindades.
Não elegemos pessoas para serem a salvação da massa; reconhecendo que cada Homem ou Mulher são Sacerdotes ou Sacerdotisas dos Deuses e reconhecemos aqueles que possuem conhecimento além dos nossos por ter estudado ou vivido experiências que os capacitaram.
Respeitamos todas as religiões positivas e libertárias e lutamos contra qualquer violação de nossos direitos. Além de repudiar o proselitismo usado por várias religiões que se dizem a única fonte de salvação ou conhecimento.
Não discriminamos pessoas em função de sua cor, raça, credo, opção sexual, ou outro motivo. Acreditamos que cada Ser Humano é uma fagulha divina conhecendo seus limites e buscando sua evolução, recebendo da fonte divina suas provações.
Valorizamos o espiritual, mas não ignoramos o mundo físico. Lutamos para melhorar nossas vidas na Terra e sermos felizes e saudáveis.
Não aceitamos o conceito de Mal Absoluto, Pecado Original, nem adoramos qualquer entidade conhecida como Satã ou Demônio, como definida pela tradição Cristã.
Não realizamos sacrifícios de animais ou de pessoas.
Respeitamos toda forma de vida (mineral, vegetal, animal, humana ou outra).
Defendemos a igualdade entre Homens e Mulheres. Sabemos se tratar seres de diferentes limites, mas com a mesma essência.