domingo, 27 de fevereiro de 2011

COMO SURGIU O DIABO?


Com o crescimento do Cristianismo e com a intenção do Clero em deturpar a Bruxaria, a figura atribuída ao Deus Cornífero acabou por personificar o Diabo.
Com essa atitude, a igreja Cristã tentava demonstrar ao pagão que sua fé no paganismo era ruim, má.
Porém, o Diabo é a representação do Mal absoluto, enquanto do Deus Cornífero não é visto dessa forma.
O Cornífero é uma força da natureza, não completamente beneficente nem maleficente. No seu papel de pai, Ele dá a vida. Já em sua morfologia de Caçador, Ele a toma, na forma do sacrifício necessário para a continuidade da raça.
No mito do Jardim do Éden, um das mais conhecidas passagens da Bíblia, e tem feito parte integrante da imaginação judaico-cristã e muçulmana.
Ela descreve um ser astuto personificado por uma serpente (coincidentemente um animal sagrado para antiga religião da Deusa por representar a renovação) que oferece uma tentadora Maçã (também um símbolo sagrado à antiga Deusa) à Eva, prometendo através desta a revelação de uma realidade não percebida. Mas está bem claro que na sua versão original, no livro do Gênese, a serpente tentadora é apenas um animal astuto, e só muito depois (fora da tradição bíblica) foi identificada com Satã (coincidentemente tendo o som produzido durante rituais no Antigo Egito a Seth, personificação do caos: Seth em, significa Seth está aqui). Mas Satã, inicialmente, era um dos anjos da corte celeste, cuja função era servir de acusador dos homens, e assim seu nome é precedido de artigo – o Satã ou o Inimigo, como no início do livro de Jó. Podemos citar também outro nome posteriormente ligado a esta contraparte do Bem. Lúcifer, este tratava-se do irmão e consorte da Deusa Pagã Diana que carregava vários devotos no sul da Itália. Ele representava o Sol, seu nome significa “o portador da luz” devido a esta divindade. A necessidade de eleger um ser maligno que lutava pela vitória contra o bem foi se tornando cada vez mais forte devido a necessidade do homem quem culpar algo ou alguém que não fosse ele mesmo por seus atos. Isto se torna bem claro na tradução grega da Bíblia, em que ele é chamado de ho diabolos – o difamador ou caluniador, que ainda não é o atual Diabo, mas seria seu nome no futuro.
É no tempo de Cristo e no Novo Testamento que a crença em Satã assume uma forma mais definida, e Jesus e seus discípulos praticam o exorcismo dos demônios que afligem os possessos, surge o termo “daimonion”, no grego clássico não tinha sentido maligno, como se pode ver no demônio interior de Sócrates. Sócrates chamava sua voz interior, que lhe dava “avisos” desde o tempo de menino, de daimonion. Na verdade, esse “conselho espiritual” se assemelha bastante ao anjo da guarda cristão, uma crença que não aparece no Velho Testamento e deve ser mais de origem grega do que judaica.
Não vamos nos esquecer da influência que teve uma religião muito antiga, o Zoroastrismo, no Judaísmo e Cristianismo. Durante o chamado Cativeiro da Babilônia, depois da destruição do Primeiro Templo de Jerusalém, em 587 a.E.C., os judeus receberam o influxo do dualismo de Zaratustra – sua visão dramática de um conflito entre o bem e o mal, e de uma “consumação dos tempos” ou Apocalipse.
Tudo indica que foi a entidade maligna do Zoroastrismo - Angra Manyu ou Ahriman - que inspirou a emergência do Diabo ou Satã, que desempenharia um papel tão importante nas religiões monoteístas, contribuindo muito para sua violência extremada e perseguições.
Assim, mais tarde, Satã veio a ser inimigo do Deus Cristão e não apenas dos homens.
Em dado momento, a fim de destruir a crença popular, a Igreja Cristã passou a identificar a figura de Satã com a figura do Deus de Chifres Pagão. Assim, a figura de um homem com pés e chifres de bode passou a representar o inimigo de Deus, e assim, o mal absoluto.
Dando a seu Satã a forma do Deus de Chifres (notadamente de deuses agro-pastoris como Pã e Sileno, Cerne, dotados de cascos de bode e pequenos cornos), os cristãos conseguiram iniciar um clima de terror e medo em relação aos praticantes da Antiga Religião, o que os forçou a praticarem seus ritos em segredo.
E infelizmente, a nós pagãos:

O Deus da tribo vencida se torna o Diabo da tribo vencedora”. (Marcelo Ramos Motta)

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